Trova do Rics

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Paul McCartney



 Não poderia começar meu Blog de outra forma. Não seria honesto comigo mesmo se o primeiro tema fosse outro, pois esse talvez tenha sido a inspiração, o motivo da criação deste blog. Senti essa necessidade de expor sobre um dos momentos mais marcantes da minha vida e compartilhá-la com amigos. O show de Paul McCartney. Escrevi esse texto dias após o show...


Um sonho realizado. Havia algo mágico no Morumbi. Tudo estava tão perfeito!! Nem fila havia para entrar. Uma noite linda, de lua cheia. A diferença etária das pessoas escancarava o efeito de propagação da obra de um legítimo gênio. Quando o show começou, toda aquela ansiedade acumulada se transformou em lágrimas musicais e pêlos arrepiados de emoção. Aquelas mesmas pessoas estavam, em sua maioria, numa sintonia perfeita entre elas e com o próprio Paul e sua banda.
Mas 3 horas seria um tempo insuportavelmente curto para "dividir os vocais" com Paul, para se encantar com sua alegria contagiante e verdadeira no palco, para revisitar cada momento de sua brilhante carreira, para curtir uma banda de rock sendo liderada por um Beatle. Pouco tempo para dar gargalhadas pueris com as dancinhas, as brincadeiras e falas em português (des)colado. Parco período para fechar os olhos e sentir a realização de um sonho. Por isso, cada instante era precioso. Cada música foi magistralmente selecionada por Paul para compor a trilha sonora do devaneio surreal de cada um. Algumas músicas eu não conhecia, mas passei a amar, como a "Mrs. Vandebilt" e "Ninteen Hundred and Eighty Five", comprovando que a discografia dos Beatles e da carreira solo de cada um ainda nos reserva muitas gratas surpresas por conter tantas pérolas.
Da emoção ao êxtase... De Eleanor Rigby à Helter Skelter. De All my loving à Ob-La-Di, Ob-La-Da. Paul não deixaria de homenagear George com sua versão fantástica de "Something". Um momento delirante, ao som de um Ukelelê, instrumento amado por Harrison, e que nos remeteu a um passado que petence a poucos privilegiados. Assim como quando Paul homenageou John. Primeiro com "A Day in the life", que era o resultado da junção de duas músicas distintas de Lennon e McCartney. Instante psicodélico brilhantemente resgatado e uma ponte proposital de transmutação Beatles -> Carreiras-solo, culminada em Give peace a chance, sucesso absoluto de Lennon e um hino à paz. Um dos pontos mais altos do show. Não tinha como deixar de pensar que a essência "Lennon & McCartney" estava ali.
E quem também deu show e deixou Paul emocionado foi o público. Bexigas brancas dançavam por todo o Morumbi ao som do incansável refrão: "All we are saying is give peace a chance!" Inacreditável. A gente toda entoava aquela frase e balançava as bexigas, como se o mundo inteiro pudesse nos ouvir.



Permeamos o Cavern Club, o Shea Stadium, o programa do Ed Sullivan... Vibramos com as músicas dos Wings, banda que ele formou com Linda McCartney, a sua eterna "gatinha".








 E, como todo sonho bom que dura pouco e acaba, Paul brincou e lembrou que todos precisavam dormir... Mesmo assim, Paul teve o cuidado de amortizar esse súbito sentimento de perda e nos presenteou com mais dois bis com três músicas cada. Encerrou o show com Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band e The End. Sim, aquelas 3 horas tinham chegado ao fim. E, no final, Paul tropeçou e caiu, depois de voltar para "nos agradecer", com a bandeira do Brasil em suas mãos... Queda que confirmava que aquilo tudo era real, inclusive o próprio mestre, que levantou, mostrou que estava bem e sumiu no escuro do palco. Impossível dormir, depois daquela Mágica e Misteriosa Noite no Morumbi. Paul nos surpreendeu com seu carisma, com sua energia e com sua habilidade nata de mostrar que todo sonho é possível. Obrigado, Sir Paul.