Trova do Rics

quarta-feira, 9 de março de 2011

Para Érica, meu amor, um soneto de Pablo Neruda


"Ai de mim, ai de nós, bem amada,
só quisemos apenas amor, amar-nos,
e entre tantas dores se dispôs
somente a nós dois ser malferidos.

Quisemos o tu e o eu para nós,
o tu do beijo, o eu do pão secreto,
e assim era tudo, eternamente simples,
até que o ódio entrou pela janela.

Odeiam os que não amaram o nosso amor,
nem outro nenhum amor, desventurados
como as cadeiras de um salão perdido,

até que em cinza se enredaram
e o rosto ameaçante que tiveram
se apagou no crepúsculo apagado."

segunda-feira, 7 de março de 2011

AMIZADE EM SOL MAIOR

Compartilho o texto escrito pelo meu pai, Gê Miguel.

"Amigo não é pra se guardar no fundo do coração,
amigo é pra se ter em cada contexto,
em cada efervescência sanguínea,
em cada pulsar do coração, quando
carrega ou descarrega emoções,
quando finge fechar suas fretas
a uma canção de textura terna,
quando se esvazia de esperança
ou se enfeita de ideais,
quando se percebe frágil por causa
de decepções,
quando se reveste de alma e
corre, límpido e sem veias entupidas,
por sonhos e propósitos
e se surpreende cheio de Vida...

Amigo é pra esses momentos:
arrefece o peso do sofrimento,
revigora lampejos de alegria,
calcula o próximo reencontro.
Tem ódio e remorso,
jura vingança – esquece rápido!
Divide choro,
abraça como se fosse amolgar
a própria existência.
Ri junto, meninamente,
de tudo e por tudo...

Amigo não se guarda no fundo do coração,
amigo é pra se ter em cada contexto,
em cada momento do coração..."